Antigas alianças políticas estão se desmanchando nas prefeituras de Alagoas. O que antes eram parcerias de longa data, hoje se tornaram conflitos públicos, trocas de acusações e até tentativas de golpe.

    Casos assim vem acontecendo em vários municípios do Estado e revelam um padrão desses “terminos”: ex-prefeitos que ajudaram a eleger seus sucessores, mas perderam espaço e agora enfrentam seus antigos aliados.

    Para observadores da cena política, o cenário revela não só disputas de poder, mas também o esgotamento de modelos baseados em controle absoluto de grupos políticos. As próximas eleições prometem novos embates.

    Rio Largo: tentativa de golpe e rompimento familiar

    O caso mais explosivo aconteceu em Rio Largo, onde o prefeito Carlos Gonçalves (PP) rompeu com o tio e ex-prefeito Gilberto Gonçalves (GG). A crise, que já se desenhava nos bastidores, explodiu após uma série de episódios tensos.

    A situação saiu do controle no fim de março, quando uma carta de renúncia falsa foi lida na Câmara de Vereadores. O presidente da Casa, Rogério Silva (PP), chegou a se empossar como novo prefeito.

    Carlos denunciou o episódio como uma tentativa de golpe e exonerou GG do cargo de secretário Especial de Governo. Durante um evento em março, GG discursou sem ser convidado e afirmou que Carlos só havia chegado à prefeitura por sua causa. O sobrinho rebateu: “Eu fui eleito pelo povo”.

    A guerra política expôs a ruptura completa no grupo que dominava a cidade. Carlos, agora aliado de Renan Calheiros (MDB) e Renan Filho (MDB), tenta consolidar sua própria base. A filha de GG, deputada estadual Gabi Gonçalves, também pode sair enfraquecida com o rompimento, já que sua base eleitoral depende do grupo agora dividido.

    Marechal Deodoro: relação estremecida e silêncio estratégico

    Em Marechal Deodoro, a relação entre o atual prefeito, Bocão, e o ex-prefeito Cacau, que antes era de extrema confiança, já dá sinais públicos de desgaste. Bocão parou de se referir ao antecessor como “meu irmão”, algo comum no início da gestão.

    O distanciamento teria como pano de fundo a disputa por contratos, reconfiguração de alianças e interesses ligados à reeleição do deputado estadual Alexandre Ayres.

    Bocão ainda opera com um secretariado herdado da gestão anterior e enfrenta dificuldade para imprimir sua própria marca na administração. Nos bastidores, a tensão é vista como sinal de rompimento político em construção.

    Porto de Pedras: exonerações e confronto familiar

    No Litoral Norte, o rompimento entre o ex-prefeito Henrique Vilela e o atual gestor, Allan de Jesus, deixou de ser discreto. Embora Henrique tenha sido o principal fiador da eleição de Allan, o novo prefeito iniciou um processo de afastamento de pessoas ligadas ao ex-prefeito.

    O filho de Henrique, Marcelinho Vilela, foi exonerado, e a esposa dele, que atuava na área da Educação, também deve sair da gestão. A disputa, segundo fontes locais, já envolveu tentativas de sabotagem e uso da influência política de Henrique para dificultar a administração de Allan.

    O clima é de guerra declarada, com ambos tentando consolidar poder e enfraquecer o outro. Para analistas locais, é mais um caso típico da política alagoana: aliados de ontem se transformam em inimigos assim que as urnas se fecham.

    Maragogi: roteiro repetido no litoral

    Maragogi também viveu situação semelhante. O ex-prefeito Fernando Sérgio Lira rompeu com a atual prefeita Dani Vasconcelos e passou a atuar como oposição. O movimento envolveu o afastamento de aliados e familiares de cargos públicos, repetindo o padrão visto em outras cidades do Estado.

    Rompimentos viram tendência na política local

    Os episódios mostram que a política alagoana vive uma fase marcada por rupturas entre antigos aliados. Em muitos casos, os ex-prefeitos ajudaram a eleger seus sucessores esperando manter influência. Quando isso não ocorre, a relação azeda e os palanques se tornam arenas de confronto.

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